domingo, 19 de abril de 2009

POLITICA: 'Quem quiser ser líder de um continente vai quebrar a cara', diz Lula

Presidente disse que não tem intenção de transformar país em líder da AL.'Precisamos parar de falar com essa mania de que somos pobres.'



Em entrevista após o encerramento da Cúpula das Américas, neste domingo (19), em Trinidad e Tobago, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não tem a intenção de transformar o país em um líder da América Latina. “A palavra liderança não é uma coisa simples assim. Nenhum país dá uma procuração para outro falar em nome dele”, disse e completou: “Quem quiser ser líder de um grupo, de um continente, vai quebrar a cara”. Lula disse que o Brasil e outros países da América Latina precisam ser mais independentes dos países ricos e ter mais "respeito" com eles mesmos.
“Nós precisamos ter respeito conosco mesmo para que os grandes nos respeitem. Nós não temos que ficar pedindo favor. (...) Precisamos começar a tomar conta dos nossos narizes. Precisamos parar de falar com essa mania de que somos pequenos, somos pobres, e que é preciso vir alguém nos ajudar. Nós precisamos até pedir financiamento, mas quem tem que tomar conta dos nossos problemas somos nós”, disse. Ele citou o exemplo da narcotráfico da Colômbia e a participação dos Estados Unidos na questão.
Lula disse acreditar que o Brasil já tem um papel diferente no cenário político internacional. “Essa era acabou. O Brasil subiu um degrau a mais, ou dois degraus, no multilateralismo. Eu gosto de respeitar todo mundo e acho bom que as pessoas nos respeitem.”

Sobre a reunião dos países da América Latina, que neste ano contou com a presença do presidente norte-americano, Barack Obama, Lula ver o encontro com bastante otimismo. Ele destacou a nova relação entre Obama e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. “É isso que me dá otimismo, de achar que pode ser criada uma nova dinâmica. Vamos ser francos, todo mundo esperava que Chávez e Obama fossem se atacar e o que aconteceu? Exatamente diferente “, disse.
Lula também comentou a ausência de Cuba no encontro. Disse acreditar que é o último em que o país não participará, mas que o Brasil não deve ser um intermediador entre o país e os EUA. “Os cubanos não estão pedindo para ninguém representá-los.(...) Não tem mais explicação para eles estarem fora.”